Do Paganismo ao Cristianismo – Eides Medeiros

Ano de Publicação: 2010

Ano de Publicação: 2010

Membro da Associação Internacional de Psicologia Analítica

Membro do Instituto Junguiano do Paraná

Membro da Sociedade de Logoterapia Victor Frankl

Membro da Sociedade Brasileira de Sexologia Humana

Especialista em Psicologia Analítica

  

Curitiba, 30 de Agosto de 2010.

 

Com a proximidade da morte e em um estado de fraqueza total, em que o corpo perde a sua movimentação, os músculos estão enfraquecidos pela falta de massa muscular, as articulações não respondem com o reflexo normal, não se tem mais vontade de se comunicar. Não quer entender a fala do outro. O ambiente que o rodeia perde o valor, as pessoas passam afeto, mas o doente não o percebe, pois o moribundo está amorfo.

A pessoa doente não perde a consciência, sabe de si e dos outros que o cercam. Neste estado é mais fácil a comunicação com o inconsciente, pois a racionalidade está rebaixada, mas não perdida pelo estado mórbido.

O doente tem o ego perfeito, mas mesmo assim o inconsciente com suas imagens pode invadir tal qual uma alucinação, a diferença é que o ego está inteiro, mesmo com a razão meio esmaecida.

Essa invasão é permitida pelo ego que fica de lado, mas permitindo a passagem das imagens que representam os deuses que pareciam mortos, mas retornam com vida nessa alucinação sadia.

Eu fico a imaginar o susto que um doente pode sofrer com o sentir dessas imagens uma vez que ele não sabe nada de inconsciente coletivo. Neste estado tão flagelado pela doença, o indivíduo pode até morrer de susto.

O que não acontece com o psicótico cuja realidade está esmaecida, ficando o ego enfraquecido. O comando de sua vida psíquica fica sem controle, ele está à disposição do inconsciente, logo não há medo desse mundo imagético.

Mas no estado de morte o ego não perde a consciência. É como se o indivíduo estivesse vivendo um filme onde ele é o protagonista principal. Mas o indivíduo não consegue controlar as imagens, nesse momento o comando é delas.

Esta é uma revelação do que passei nos oito meses sofrendo de um câncer, que me dava grandes dores, enfraquecimento, feridas, desnutrição entre outros sintomas.

A imagem da morte rondava minha pessoa, eu pensava como não bastasse o sofrimento, ainda sentia a imagem da morte.

Depois de dias sendo perseguida pela imagem, numa manhã em que eu estava passando mal, o meu quarto foi invadido pela imagem de um homem muito forte, vestido de forma primitiva. De repente a cena muda, este homem me leva para o cume de uma montanha, comigo suspensa em seus braços, ele passa a gritar: “Vida e não morte!”. Sentia que ele pedia à natureza para intervir pois eu precisava da força da terra com sua fauna e flora. Sentia nesse momento o orvalho molhar meu corpo.

Logo em seguida já estou em meu quarto, senti profundamente que o câncer não iria me matar, pois eu estava protegida pela força primitiva da natureza e pelos excelentes médicos.

Depois deste dia senti a imagem da morte me rondando, mas não mais a temia, pois sabia que não era o meu momento de partida. A sensação daquela imagem gigante e primitiva não saía dos meus pensamentos. Ela veio como meu caminho com o encontro com a fé. Depois de mais dois meses doente tive um sonho, em que as freiras de meu antigo colégio salesiano, estavam no meu quarto, todas com um terço na mão. Essas freiras foram todas minhas professoras, e já morreram há algum tempo.

Acordei em lágrimas, pois percebi que a fé que eu tinha não era forte. Clamava e agradecia a Jesus este sonho. O sonho era sinal de que eu tinha que aproximar mais dele e de Nossa Senhora. Percebi, também, que esta fé despertou alguma energia que estava parada, a energia da cura que é movida por Deus. Foram oito meses de sofrimento, mas que foi necessário para despertar desta energia divina que pode curar o nosso físico como a nossa alma.

Hoje estou curada e renovada na fé. Agradeço aos céus e a Gustavo Barcelos que me ensinou que as imagens que eu sempre sentia nada mais eram que a manifestação da psique.

Antes dele, eu não entendia, pois elas me assustavam. Precisei conhecê-lo para entender o meu lado imagético, que não veio por acaso. Veio para salvar a minha vida e resgatar a minha fé.

Essas imagens são o esteio para a minha vida e luz para o meu caminho, pois elas vêm de Deus, que tudo rege.

 

Eides Medeiros

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