Na prosa lírica de A BALADA DO CÁLAMO, o autor e diretor franco-afegão ATIQ RAHIMI procura dar forma à experiência vertiginosa do exílio, ao mesmo tempo em que relembra sua história de vida e a autodescoberta como artista. Oscilando entre o presente em Paris e o passado errante, o livro mistura memórias a reflexões artísticas, iluminadas por caligrafias e calimorfias (letras antropoformes) do autor. A história de Atiq se desenrola em três palcos principais: a Cabul da infância, onde aprendeu a grafar o alfabeto árabe com seu cálamo e vivenciou a prisão e a tortura de seu pai. De lá, a primeira fuga foi para a Índia, cuja rica e sensual cultura causou uma revolução interna no adolescente afegão. Por fim, a França, onde recebeu asilo cultural em 1984 e construiu uma carreira premiada como cineasta e romancista, marcada também por traços autobiográficos — Terra e cinzas ecoa a experiência de sua família na Guerra do Afeganistão; Syngué sabour foi inspirado pelo assassinato da amiga poeta afegã Nadia Anjuman pelo marido. Esta BALADA (nome dado a canções narrativas na Idade Média e que em francês significa também passeio) visita estes lugares e tempos reais, mas está centrada no não-lugar do exílio e da lembrança. Em seu autorretrato íntimo, o autor rodopia pelos temas da escrita, do desejo e da guerra, costurando-os com suratas do Alcorão e a poesia sufi, meditações embaladas pelos textos védicos, e diálogos com a arte e a literatura francesa.
Atiq Rahimi é um escritor e cineasta afegão nascido em Cabul, Afeganistão, no ano de 1962. Tem dupla nacionalidade francesa e afegã.Durante a guerra nos anos 80 saiu de seu país, já que estudou em uma escola franco-afegã, refugiou-se na França, onde vive até hoje. Apesar de falar francês fluentemente, escreve em dari, língua falada no norte, noroeste do Afeganistão. Não só é formado em Letras, mas também em cinema, está produzindo um filme de seu primeiro romance publicado, Terra e Cinzas.
Existem quatro livros publicados no Brasil, Terra e Cinzas, As Mil Casas do Sonho e do Terror, Syngué sabour – Pedra de paciência e Maldito Seja Dostoiévski, todos pela Editora Estação Liberdade.
Foi vencedor do Prêmio Goncourt em 2008 pelo seu livro «Syngué sabour. Pierre de patience» o primeiro escrito em francês.