Formação Analítica – Sonia Lyra

Ano de Publicação: 2004

Ano de Publicação: 2004

(Baseada na orientação de CARL GUSTAV JUNG)

 

Foi dito em um de nossos seminários para formação de analistas que não devemos tratar de espiritualidade no consultório pois o objeto de nosso estudo é a alma e não o espírito.

Do que estamos falando?

“A fala sobre a importância da formação se torna cada vez mais insistente. Exigimos uma recolocação da questão da formação.

Entendemos por recolocar a questão uma espécie de renovação e inovação radical do que se fez até agora. Falamos assim na necessidade de mudar as estruturas antigas, as formas e os métodos de formação, dar uma formação mais adequada para as necessidades, os anelos e as exigências do mundo de hoje.

Mas, as exigências de renovação e inovação são tantas e tão variadas que extrapolam toda e qualquer possibilidade de discussão séria; os nossos questionamentos se transformam numa espécie de agitação, arrolamento de opiniões, misturadas com queixas e reclamações, reuniões sem rumo, sem concentração temática, sem a possibilidade real e finita que possa levar a uma ação, a uma solução real. E aos poucos nos resignamos, pensando que a formação hoje é muito complicada, uma tarefa impossível, por causa de tantas dificuldades, provenientes da sociedade de hoje, em que tudo flutua por ser tempo de transição.

Mas se observarmos atentamente os nossos questionamentos, percebemos que colocamos mil diferentes problemas, assuntos e propostas, mas jamais examinamos o modo de colocar a questão. Perguntamos por isso: será que não é necessário, antes de tudo, recolocar o modo de questionar a formação hoje?

Questionar é buscar. Quando uma busca perde o rumo e se agita em diferentes colocações disparatadas, é uma busca que não mais está assentada na raiz do seu questionar. Toda busca é busca se for finita. Então, é necessário se assentar de novo numa busca mais bem determinada, mais próxima de si mesma. Para percebermos o que é busca mais finita, mais determinada e próxima de nós mesmos, precisamos voltar a ser bem concretos e cotidianos, bem materiais e físicos, sem se espraiar em representações “universalistas” e gerais, como é o caso quando falamos: mundo de hoje, séc. XX, América Latina, mundo tecnológico, junguianismos etc. Próximo, finito, bem determinado é a Formação na qual estamos inseridos, a casa, o cargo que exercemos, a faculdade, as pessoas com as quais estamos nos relacionando em tais situações e problemas, em tais limites de tempo. É importante se conscientizar que se trata de um fazer todo próprio, à cuja seriedade não é permitido se espraiar, se avoar pelo mundo a fora, numa visão geral, universalizante, panorâmica, conferencisticamente, sem se colocar duramente no cotidiano físico material da situação, aqui, agora, dentro dessa Formação, dessa casa, dessa etapa da formação, desse modo pessoal e individual de viver e fazer cada momento do formar-se.

De repente sentimos na carne a necessidade de nos concentrar, de apertar realmente o cinto do nosso fazer e do nosso pensar sóbrio, de ajuntar todas as nossas forças disponíveis para aplicá-las num trabalho árduo de conquista, conquista de um saber muito mais real, concreto, verdadeiro desse fazer todo próprio chamado formação. Sentimos com responsabilidade a premente necessidade de deixar de lado as agitações precipitadas, a fala vazia, enfeitada, retórica, estético-romântica ou até demagógica, deixar de lado tentativas chutadas, sintomas esses de uma busca mal colocada. Se a formação é um fazer todo próprio, é necessário saber bem que exigências ela tem a partir dela mesma.

Recolocar a questão da formação acaba, assim, se transformando numa coisa bem humilde, real e concreta, numa obrigação sóbria e necessária de examinarmos no duro, se realmente estamos fazendo o que devemos fazer finita e concretamente na nossa formação, conforme seu próprio modo de ser. Sem esse embasamento real a formação é vã, por melhores que sejam as intenções, as ideias e os recursos pedagógicos. Talvez de tanto falar nas necessidades atuais, nas exigências prementes de hoje, estejamos nos alienando da humilde necessidade terra à terra de fazer o que devemos fazer no cotidiano da formação.

NA FORMAÇÃO É NECESSÁRIO EVITAR UM QUESTIONAMENTO VAZIO DE IDENTIDADE QUE REDUZ O ESSENCIAL, ELEMENTAR E BÁSICO A MIL DIFERENTES PONTOS DE VISTA DE INTERPRETAÇÕES SUBJETIVAS.

O que mais dá trabalho é a objeção: como entender o essencial da formação hoje se há tantas interpretações acerca da essência, hoje?

O que é pois a formação analítica hoje, diante de tantas exigências novas, novos apelos da humanidade em transformação, novas psicologias, novas fronteiras; quando a psicologia se espraia tentando seguir a modernidade, em mil abordagens diferentes?

É necessário, cada vez de novo, checar essa objeção.

Se, porém, evitarmos esse tipo de questionamento debilitante, esta objeção pode ser ouvida num sentido de busca real e bem responsável. Mas se assim o fizermos, então haveremos de constatar uma coisa bem real e de muita urgência: haveremos de constatar que, na época em que se exige uma renovação e soluções alternativas, na época em que somos expostos a novas conquistas, novos apelos, novos horizontes, o que se faz necessário antes de tudo é ir até as raízes no fundo de nossa própria identidade, para ali e dali renovar, realizar a dinâmica criadora das nossas e das novas possibilidades. Com outras palavras, como condição da possibilidade, como pré-requisito e como garantia da renovação, devemos ir às fontes de nossa inspiração, devemos aprofundar a verdadeira pertença à terra, à base da inspiração de nossa identidade como analistas.

 

A IMPORTÂNCIA DECISIVA DO ELEMENTAR NA FORMAÇÃO.

Toda e qualquer formação eficiente gasta um longo tempo e muita energia na aprendizagem e na assimilação do elementar, fundamento e base de todas as elaborações posteriores, mais complexas, sofisticadas, exigentes e especiais. Quanto maiores as exigências de uma profissão, quanto mais difíceis e perigosas suas tarefas, tanto mais se preparam os candidatos no domínio do que é elementar e básico, com muitos exercícios artificialmente simulados, com muito rigor e repetição, para que aquilo que sempre de novo entra em todas as ações e atividades como o seu elemento comum, o profissional, tenha relativa facilidade por tê-lo assimilado de tal modo que o elementar se tenha tornado a parte integrante do seu próprio ser. Nenhum profissional considera tempo perdido essa demora caprichosa e bem trabalhada do elementar. Pois quanto melhor, mais firme, mais trabalhado o fundamento, tanto mais rápida, mais segura e eficiente a assimilação de todo o resto.

E cada profissão que sabe o que quer e o que faz, tem bem claro quais os exercícios, quais as coisas consideradas indispensáveis por serem elementares e essenciais. O elementar só cresce e se afirma nesse processo gradual de aprendizagem.

O elementar é sempre uma dinâmica de constituição de uma determinada ação, mas não coincide com esta ou aquela ação. E no entanto, está em cada uma, cada vez de outro modo, mas sempre como o mesmo, por mais diferentes que sejam entre si. É necessário ter um tato próprio para captar essa realidade elementar. Seria pois, de grande importância para a formação conseguir um consenso acerca do que é elementar na formação para ser um analista.

 

VIDA “ESPIRITUAL” E O “OBJETO” DE NOSSO TRABALHO: A “ALMA”:

“Sempre de novo temos dificuldade diante da palavra espírito, espiritual, espiritualidade. Por estas palavras, usualmente entendemos uma porção de coisas diferentes. Vamos tentar diferenciá-las.

O ser humano tem duas maneiras de entender o universo, ligadas às suas duas possibilidades de conhecer: os sentidos e o intelecto. Pelos cinco sentidos capta o mundo sensível. O que supera os cinco sentidos o capta pelo intelecto: é o mundo inteligível ou suprassensível e o chamou de espiritual.

Usualmente, portanto, entendemos a palavra espiritual como sendo:

  • Os entes não materiais: anjos, inteligência, Deus… isto é, todas as energias sutis e mais poderosas que as naturais.
  • As coisas e valores culturais: arte, cultura, literatura, etc.
  • Valores éticos humanistas. Honestidade, honradez, justiça, etc. Com o tempo o “mundo cristão” foi tragado para dentro desta compreensão de espiritual, pelo que em geral se pensa que o cristianismo entende por espiritual este ponto “c”; buscar isso, porém, é próprio de todas as religiões.

 

A partir dessa compreensão de espiritual distinguimos entre fazer coisas materiais” e fazer “coisas espirituais”. Um mecânico que entende bem de mecânica, concerta carros, cobra e ganha bastante, pensa em ampliar a oficina, esse mecânico faz coisas “materiais”, no fundo é materialista, não entende de coisas espirituais. Um professor de literatura, que é muito estudado, ensina na faculdade, lê livros de filosofia no tempo livre, participa de congressos, este faz coisas “espirituais”, é espiritualista e entende de coisas espirituais.

Partindo dessa concepção usual a maior parte das pessoas como mães de família, operários que trabalham o dia todo para sobreviver, não poderia ter vida espiritual; o analfabeto também não poderia ter acesso a ela.

Os pontos a, b e c, coincidem com o conhecimento do mundo suprassensível pelo intelecto. A partir desta compreensão de espiritual, porém, se tem dificuldade de entender um texto cristão fazendo surgir a suspeita se de fato o “mundo cristão” entende “espiritual” desse jeito.

  • Na dimensão cristã a palavra espiritual tem pura e simplesmente o sentido de Seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, o relacionamento próprio que surge do encontro com Ele. Portanto na espiritualidade cristã, quando dizemos espírito, espiritualidade, vida espiritual, entendemos o viver a partir do Evangelho; o Evangelho é uma realidade que ultrapassa as nossas duas possibilidades de conhecimento, é “inacessível” a partir de nós mesmos; Deus, porém, fez questão de revelá-lo. Assim tudo o que aprendemos no âmbito da comunidade de fé cristã, não vem de nossas experiências intelectuais, mas da dimensão de Deus. A esse inacessível, a tradição cultural eclesial ocidental chamou de sobrenatural, em oposição ao natural (mundo sensível e mundo inteligível) conhecível a partir dos sentidos e do intelecto.

Como se vê, na nossa cultura ocidental as compreensões da fé e as da filosofia estão misturadas; o que entendemos usualmente por espiritual não tem origem na “cultura” cristã; portanto temos que deixar de lado esse modo de pensar, se quisermos entender o que é Vida Espiritual na Vida Religiosa”. (Págs. 2 e 3 da apostila, Compilação de Espiritualidade Franciscana, frei H.Harada).

 

VIDA ‘INTERIOR’

Costumamos chamar a Vida Espiritual também de Vida Interior. Temos dificuldade de dizer o que é vida Interior, pois sabemos e não sabemos ao mesmo tempo o que é. É mais fácil enumerar coisas que se fazem na assim chamada Vida Interior; orações, devoções, retiros, leitura espiritual, confissão, as demais coisas da “religião” e algumas outras que permitimos enfocar na abordagem da “alma”.

Há bons cristão que gostam e não sentem estranheza diante dessas coisas. Há porém, também bons cristãos e engajados, que não se sentem bem, diante desta maneira de entender a Vida Interior. É que nós, os cristãos de hoje, estranhamos um tanto esse modo de ser. Certamente se respeita a convicção e o modo de ser de cada um; certamente se conhece, entre os próprios familiares e amigos, pessoas de bem que vivem esse modo de entender a vida Interior autenticamente. Mas tudo isso soa demasiadamente piedoso, devocionista, privativo, algo muito pessoal sim, mas íntimo-subjetivo, particularista, aquela coisa de “salva tua alma”, aquelas coisas de interior do homem, individualista, particularista, um tanto ensimesmado.

Portanto, sem negar a autenticidade e seriedade às pessoas que tem esse modo de viver a Vida Interior, sem negar que, na sua experiência e na sua doação para com uma tal vida espiritual, as pessoas possam vir a ser homens de muito engajamento, a concepção que assim entende a Vida Cristã como Vida Interior, nos soa hoje demasiadamente pietista e espiritualista.

Hoje, exigimos uma espiritualidade mais objetiva, social, comunitária, universal. Por isso, em vez de espiritualidade, em vez de Vida Interior, preferimos usar a palavra Mística.

Esta situação de perplexidade diante da Vida Interior, que sempre de novo compreende o Espírito e o Espiritual não nele mesmo, mas já a partir da ambiguidade de uma divisão dualista “interior-exterior”, “individual-social”, “subjetivo-objetivo”, é um emblema da nossa consciência moderna, digno de ser questionado, pois esse tipo de classificação e divisão da realidade é muito vago, impreciso e simplório. Camufla a ausência de um exame mais responsável da pressuposição prejacente e silenciada na raiz de uma tal divisão e classificação. O oposto do interior é o social e o comunitário? É o exterior? Por que o interior é subjetivo? Se subjetivo, o oposto é objetivo? O que significa realmente subjetivo e objetivo?

Se há o interior, há também o exterior. Interior é dentro, exterior é fora. Mas o binômio dentro-fora por si mesmo ainda não diz nada, a não ser que se dê a coordenada da sua significação: numa caixa de papelão fechada, se sabe concretamente onde está o dentro e o fora; dentro e fora, interior e exterior se referem ao espaço físico; o espaço físico é a coordenada, dentro da qual dentro e fora recebem a sua significação concreta. Mas quando digo que o pensamento está dentro de mim, não sei bem o que a palavra “dentro” significa, pois por mais que eu fure a mim mesmo para dentro no meu corpo espacial físico nunca encontro o dentro, onde se acha o pensamento. Este exemplo mostra que o “interior” da Vida Interior não tem nada a ver com dentro e fora no sentido físico espacial. Por isso, quando se diz: “Você está todo trancado dentro de você mesmo nesse seu cultivo particular da vida interior; isto é egoísta; é necessário sair de si e ir para fora se doar aos seus irmãos” não se está falando de sair no sentido físico-espacial, mas de dois modos diferentes de ser humano, de duas atitudes, dois comportamentos humanos, ambos, tanto a atitude egoísta como a atitude social, acontecendo não físico-espacialmente, mas como atitudes, como atos, como feitos humanos “espirituais”. Isto mostra que vida interior e vida exterior indicam modos de ser, atitudes e comportamentos da existência humana. Se não distinguir bem essas significações diferentes e sobrepor a compreensão físico-espacial com a “espiritual” numa só, o pensar fica bitolado de tal maneira ingênua e grosseiramente, a ponto de dizer que quem fica trancado num laboratório, entregue à intensa pesquisa para descobrir a cura do câncer, é privativo, individualista, particularista, ao passo que quem anda zanzando pelo mundo a fora, em contato com o público, fazendo propaganda de shampoo é social e comunitário.

Portanto, antes de mais nada, é necessário se perguntar, o que a espiritualidade quer dizer, quando chama a Vida Religiosa de cultivo da Vida Interior. Que atitude, que modo de ser, que comportamento é esse, quando a boa tradição da espiritualidade cristã chama a Vida Religiosa de Vida Interior? Porque JUNG enfocou o instinto religioso como o mais essencial, aquele para além do instinto sexual e os recalques da teoria freudiana?

Porque JUNG nos alerta que “enquanto a religião restringir-se à fé e à forma exterior, e a função religiosa não for uma experiência da própria alma, nada de essencial poderá ocorrer”? (P.25 vol. XII)

Porque nossa formação mais essencial é tornarmo-nos aquilo que buscamos? E qual é nossa busca afinal? Porque JUNG diz: “Todavia, quando demonstro que a alma possui uma função religiosa natural, e quando reafirmo que a tarefa mais nobre de toda a educação (do adulto) é a de transpor para a consciência o arquétipo da imagem de Deus, suas irradiações e seus efeitos, são justamente os teólogos que me atacam e me acusam de “psicologismo”?

Quando JUNG enfrenta essas questões diante dos teólogos não está nos alertando para com grande cuidado não cairmos nas mesmas ciladas de falta de compreensão quando nós modernos hoje, queremos evitar de tratar do “espiritual” no consultório? O que estamos dizendo?

Será que não temos que LER conscienciosamente o básico e elementar de JUNG em nossa FORMAÇÃO DE ANALISTAS que diz:

“Se os valores supremos não estivessem depositados na alma, tal como mostra a experiência, sem eliminar o espírito de contrafação, que também está nela presente, a psicologia não me interessaria absolutamente, pois nesse caso a ALMA não passaria de um miserável vapor”. E JUNG prossegue: “Já fui acusado de “deificar a ALMA”. Isto é falso, não fui eu, mas o próprio Deus quem a deificou! Não fui eu que atribuí uma função religiosa à alma; simplesmente apresentei os fatos que provam ser a alma “naturaliter religiosa”, isto é, dotada de uma função religiosa; função esta que não inventei, nem coloquei arbitrariamente nela, mas que ela produz por si mesma, sem ser influenciada por qualquer ideia ou sugestão”. (P.25 vol. XII).

Tratávamos da questão de designar o mundo espiritual de INTERIOR, e ser este o “mundo” do qual tratamos, quando tratamos a ALMA.

INTERIOR, aqui, significa essencial, aquilo que constitui o âmago, a força e a realidade radical. Interior é o que não é superficial, acidental ou esporádico, mas o que está assentado naquilo que uma coisa deve ser para ser ela mesma.

Nessa maneira de ver, a linguagem da Idade Média não falava tanto de interior ou exterior do homem, mas sim de homem interior (ou exterior). É algo semelhante ao dizer “homem profundo” ou “homem superficial”, o “homem assentado” ou o “homem avoado”. Nesse sentido, cultivar a vida interior não significa ensimesmar-se num assunto particular, privativo e subjetivo, mas sim trabalhar para que o homem se torne profundo e assentado fundamentalmente naquilo que constitui o seu vigor radical e essencial.

Isto significa: a vida interior não é espiritual no sentido de um humanismo espiritualista como a entendem os espiritualistas e os humanistas, sejam eles de que tipo forem. Não é também um aperfeiçoamento de harmonização nas perfeições e virtudes humanas, por mais nobres e sublimes que seja. Vida interior é simplesmente, diretamente a vida no seguimento de Jesus Cristo, em se tratando de vida cristã (cujo mito, ainda é o nosso “mito”). Se no seguimento de Jesus Cristo devo limpar a casa, esse limpar ele mesmo é vida interior; se devo meditar dia e noite para alcançar uma clarividência, esse meditar nele mesmo é vida interior. Mas se no Seguimento de Jesus Cristo, devo interromper a meditação um segundo antes de obter a iluminação e ficar sem ela, essa interrupção ela mesma já é vida interior; se devo me engajar numa ação social e levo um tiro, esse levar um tiro nele mesmo é vida interior. Mas, limpar a casa, meditar dia e noite, interromper a meditação, levar um tiro, neles mesmos como tais, ainda não são seguimento de Jesus Cristo, portanto não é vida interior. Eles o são, somente se são seguimento de Jesus Cristo.

Nossa FORMAÇÃO portanto, exige que ultrapassemos o dualismo homem-exterior, homem-interior, “cuja exigência é a “imitatio Christi”, isto é, a exigência de seguir seu modelo, tornando-nos semelhantes a ele, o que deveria conduzir o homem interior ao seu pleno desenvolvimento e exaltação”. p.20, vol. XII.

Nossa FORMAÇÃO como ANALISTAS, exige INDIVIDUAÇÃO! Individuação é o nosso elementar, básico, essencial. Traduzir para a experiência ou traduzir a experiência desse ENCONTRO de ALMA e ESPÍRITO, essa é a conjunção. Não podemos mais separá-los dentro de nós, nem dentro de nossos consultórios ou da experiência de nossos pacientes. Pois como diz JUNG: “Como quer que imaginemos a relação entre Deus e a alma, uma coisa é certa: é impossível considerar a alma como “nada mais do que”. Pelo contrário, ela possui a dignidade de um ser que tem o dom da relação consciente com a divindade. Esta correspondência formulada psicologicamente, é o arquétipo da imagem de Deus.”. p.23, vol. XII.

Todo o texto foi desenvolvido com base nas apostilas de Espiritualidade Franciscana, por frei Hermógenes Harada e em Psicologia e Alquimia por C.G.JUNG.

Sonia Regina Lyra

CRP – 08/0745

Analista Junguiana em Formação pela AJB.

Curitiba, 22 de julho de 2004.

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